segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Pianos ocos


Não é mesmo uma porra todo esse tédio!
Porque eu ando e ando pra lugar nenhum

Não é como as teclas quebradas do meu piano?
Assim como toda a poesia guardada
Ao breu, nas sombras da poeira
Meio desligado... vejo que tudo, é nada!

Eu vou jogar sabão para ver as coisas deslizando
Assim nós vamos acelerando mais o tempo

Eu estou apontando o lápis
Daqui a pouco crio a última paisagem
Dou o último sorriso:
Para não perder  um beijo
Aí me disseram “ria!”

Mas ninguém sabe que de baixo da água profunda
É o escafandro que salva a vida da borboleta

De baixo de todo papel dobrado existe um enigma
No mais profundo, eu vejo um paraíso de moléculas
super aquecidas

Dentre os carros passam os mortos
Ao chover, uma senhora com o seu guarda-chuva

No cemitério se passa o silêncio
Amorteceram-se os meus pés no chão
Entre um piscar, são os meus cílios
que se entrecruzam
Sem saliva, colam-se os meus lábios

13.08.2010